Vejo raízes vermelhas em olhos incolores
Como a fina nascente do líquido mortal
Incapaz de acompanhar o curso fluvial
Absorvido em terras de secas dores
Vejo infantes miradas insossas
Congeladas pela última imagem captada
Na murcha solidão definham com outras
Em nova pele: os escombros que as revestem
Os gatilhos sonoros substituem
A melodia compassada do derbak
E os cheiros das oliveiras pelo da podridão
Do almejo da eterna escravidão
Vejo ventres montanhosos
Impossibilitados de abrigar
O desolado palato do viver
Pelo menos ainda
Vejo
Caminho
Respiro
Cessem a briga por uma terra prometida
Porque depois das luzes laranjas aquecidas
Restam somente cinzas entulhadas do absurdo
Suplico por outra promessa
A de livrarem os desobrigados de chamamento guerril coadjuvante
Que desabrigam físicas moradas no levante
Para fazerem seu papel antecipado em um céu de hematomas
Que só lhes pertenceria quando estivessem prontos
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