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Sentou e recostou-se na rede fugindo da luz. Seu balanço, feito as ondas visíveis à frente, o levava em pensamentos. Como sentia falta dela. Seu toque, seus olhos, seu mundo.
Recordava claramente o início de tudo. Estavam no mesmo avião, mesmo hotel, ela, no quarto ao lado. Usou uma desculpa ridícula. Sorriu ao lembrar-se da frase. Perguntara-lhe como fazia para chegar em uma rua, que por ela também desconhecida era.
Não precisava ir para lugar algum na verdade, só queria conhecer a bela vizinha. E que forma mais idiota, pensava agora. Ela respondeu-lhe que não sabia, mas, bondosa, poderia tentar descobrir para ajudá-lo.
O lugar era longe, a conversa comprida, e as semelhanças, grandes. Encantou-o com inteligência e delicadeza; com charme e intensidade. A vida provou-lhe que o acaso não existia, e o destino, certeza.
Voltou para sua cidade, acompanhado. Transbordavam sorrisos mútuos, amavam-se. Os dias avançaram do hotel ao altar; da cumplicidade, ao céu.
Lembrava nitidamente do fim. Estavam no mesmo carro, ela, do lado errado. A carreta veio da direção contrária. Cúmplice do desgraçado tempo, não conseguiu agir antes. Viu pela última vez seu lindo rosto e sua doce voz dizendo “eu te amo”.
Chorou em silêncio. Olhou novamente para o mar tranquilo. Contrapunha seu coração há muito transtornado.
Mergulhar nas águas do esquecimento é afogar-se na turbulência das memórias.
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